quarta-feira, 25 de julho de 2012

"Livro Pulmão de Aço"


Olá,

Hoje, 25 de julho, é o dia do escritor, então resolvi postar sobre um livro que achei muito interessante lançado em 10/04/2012 pela editora Balaletra e estou ansiosa para ler. Já o encomendei na livraria e só estou aguardando o mesmo chegar. O nome do livro é Pulmão de Aço da autora Eliana Zaqui, vítima de poliomielite e moradora no Hospital das Clínicas há 36 anos. Nesse livro ela conta sua história com a doença que a fez perder o movimento do pescoço para baixo, Pulmão de Aço, foi escrito com a boca.



Leia um trecho do livro no qual a autora conta algumas de suas experiências desagradáveis.

Viver isolados do mundo nos deixa despreparados para muitas situações e nos torna ingênuos. Alvos em potencial de pessoas mal-intencionadas.

Por carência afetiva, desde pequenos nos apegamos com muita rapidez a quem quer que nos dispense um pouco de atenção. Não importa se médico, enfermeira, funcionário ou visitante. Bastava uma palavra de carinho para enxergarmos aquela pessoa como o nosso pai, mãe, protetor, alguém da família que nunca tivemos.

Nem sempre as pessoas de nosso convívio foram desprendidas e abnegadas, como Tia Lu, Tio Fernando, dr. Giovani. Algumas visitas e alguns funcionários eram extremamente instáveis ou impacientes. Outros simplesmente nos roubavam. Nada tínhamos de muito valor, mas de vez em quando conseguíamos juntar alguns trocados para um lanche. Várias vezes esse dinheiro e os presentinhos que ganhávamos sumiram.

Uma ex-auxiliar, posteriormente afastada pela direção do HC, tinha problemas com bebida. Quando estava sóbria, era maravilhosa. Quando bebia, aprontava. Pertences meu e de Paulo começaram a desaparecer invariavelmente durante o turno dela. Pegava coisas inimagináveis de Paulo, bobeirinhas minhas, como xampu, condicionador de cabelo, minhas calcinhas, uma cueca do Pedro, nosso dicionário Aurélio.

Tínhamos pena. Era totalmente infeliz. Às vezes sentava se numa cadeira à cabeceira da minha cama, sacava uma garrafinha de bebida e se punha a chorar, enquanto discorria sobre seus problemas pessoais. Morreu jovem, de infarto, pouco depois de ter sido dispensada do hospital.

Quando a desonestidade se misturava ao caráter completamente insensível de algumas pessoas, as decepções eram colossais. Paulo conta:

Quando tinha uns 20 anos, meu sonho era ter um videogame. Eu e Pedrinho falávamos disso o dia todo. Como não tínhamos dinheiro nem sabíamos fazer algo que nos rendesse uns trocados, resolvemos organizar uma vaquinha entre amigos, médicos e funcionários. Não tínhamos conta em banco, claro, e o Tio Fernando sugeriu que trocássemos o dinheiro obtido por dólar. Pacientemente, ele se encarregou de fazer o câmbio. Juntávamos um pouquinho e dávamos para ele trocar. As notas ficavam numa carteira, a qual eu não largava. Dormia com ela sob o travesseiro. Meses depois - muitos meses depois, é verdade - de começarmos nossa arrecadação, já tínhamos 300 dólares. Dinheiro suficiente para comprar um modelo de última geração. Não nos aguentávamos de felicidade. Eu me agarrava àquela carteira até conseguir uma boa alma que pudesse nos comprar o aparelho, de preferência durante uma viagem ao exterior. Certo dia, me descuidei apenas por alguns minutos. Esqueci de levá la comigo quando me tiraram da cama para trocar os lençóis. Assim que me colocaram de volta e consegui enfiar minha mão em baixo do travesseiro, soltei um grito de desespero: a carteira tinha desaparecido. Começamos a berrar. Uma das atendentes fez cara de surpresa e achou a carteira no chão. Sem os dólares. Choramos por semanas seguidas. O dinheiro não reapareceu.


6 comentários:

  1. Alana, adorei o post... Também quero ler este livro, então se tu quiser me emprestar (depois que ler, claro) eu vou amar hehe

    Beeijos, amanhã estou de volta!

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    1. Capaz né Nicole que vc não ia abusar da minha generosidade! Hehehe
      Mas enfim, estou muito feliz que vc volta amanhã e vou até matar academia para almoçar com vc! Beeeijos

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  2. Caramba, que história... boa leitura, Lalana. Depois me conta o que achou!

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    1. Sim, muito emocionante. Assim que ler eu te conto! Beeijos

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  3. Bah que história!! Parece que sempre temos uma lição nova todo dia. E tem gente que prefere jogar a vida fora, sem aproveitar.

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    1. Oi Junior, obrigada por sua opinião, concordo com você que muitas vezes reclamamos de boca cheia sem aproveitarmos o belo que á nas pequenas coisas da vida!

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